Foto: BNC Amazonas
De BNC Amazonas
Após a Procuradoria-Geral da República
(PGR) pedir investigação de repasses no valor de R$ 40 milhões a integrantes do
MDB, feitos pelo grupo J&F, o relator da operação Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin,
autorizou ontem, dia 15, a Polícia Federal a abrir inquérito contra o
senador Eduardo Braga (AM)
e outros nomes de peso do partido.
De acordo com a denúncia, o dinheiro foi
repassado para as campanhas eleitorais do MDB em 2014, a pedido do PT. Foi uma
forma de garantir a aliança entre os partidos.
Braga vai ser investigado no inquérito que
Fachin mandou a Polícia Federal realizar, em prazo de 60 dias, com coleta de
provas.
Segundo a procuradora-geral, Raquel Dodge,
as suspeitas constam nas delações premiadas do ex-senador Sérgio Machado, que
presidiu a Transpetro, e do ex-executivo da J&F Ricardo Saud.
“Chegou ao conhecimento dele que o Grupo
JBS faria doações à bancada do Senado do PMDB de R$ 40.000.000,00 (quarenta
milhões de reais), a pedido do Partido dos Trabalhadores – PT, para as eleições
do ano de 2014”, disse Machado.
“Seriam contemplados por esta referida
doação os seguintes parlamentares: RENAN CALHEIROS, JADER BARBALHO, ROMERO
JUCÁ, EUNÍCIO DE OLIVEIRA, VITAL DO REGO, EDUARDO BRAGA, EDISON LOBÃO, VALDIR
RAUPP, ROBERTO REQUIÃO, dentre outros”, afirma, em outro trecho do depoimento,
ainda conforme a PGR.
Doação eleitoral como pretexto
Já Ricardo Saud, segundo denúncia da
procuradoria, “afirmou que houve pagamento na ordem de R$ 46 milhões de reais a
senadores do PMDB a pedido do PT”. Saud afirmou que o valor destinado ao MDB
serviu também como “repasses não contabilizados a diversos políticos, sob o
pretexto de doação eleitoral”.
“Segundo ele, apesar de diversas doações
terem sido realizadas de forma oficial, tratava-se de vantagem indevida, uma
vez que dirigentes do PT estariam comprando o apoio de peemedebistas para as
eleições de 2014 como forma de assegurar a aliança entre os partidos”, disse
Dodge.
Ela afirma ainda que “segundo o
colaborador, este direcionamento tinha por objetivo manter a unidade do PMDB,
já que havia, à época, risco de ruptura, com a perspectiva de integrantes do
partido passarem a apoiar formalmente a campanha de Aécio Neves à Presidência
da República”.
Segundo a procuradora-geral, Raquel Dodge,
as suspeitas que serão apuradas pela Polícia Federal são baseadas nas delações
premiadas de Sérgio Machado, ex-senador pelo MDB e ex-presidente da Transpetro,
e de Ricardo Saud, ex-executivo da J&F.
Foro privilegiado
Ao decidir pela abertura do inquérito,
Fachin destacou que, no momento, não é possível dividir a investigação sobre as
pessoas sem foro privilegiado porque houve “descrição de condutas materialmente
imbricadas”.
No último dia 3, o Supremo decidiu que
deputados federais e senadores só terão direito ao foro privilegiado em casos
de crimes
cometidos durante o mandato e em função da atividade
parlamentar.
“Nessa toada, e em juízo preambular, eis
que ainda não sujeito a qualquer contraditório, há razão suficiente para, neste
momento, reconhecer que os fatos ocorridos denotam especial interligação nas
condutas atribuídas a parlamentares federais e aos demais envolvidos, a
recomendar a persecução abrangente dos fatos narrados e evitar decisões
contraditórias”, escreveu o relator da Lava Jato.
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