Foto: Foto: Bruno Kelly/Reuters
Este ano, faltando ainda três
meses para encerrar, já é o segundo maior em número de focos de queimadas
registradas no Estado do Amazonas
Investimentos em tecnologia de ponta, como
as aeronaves C-130, mais conhecidas como gigante Hércules, são fundamentais no
combate aos incêndios florestais na Amazônia, segundo avaliação do Exército
Brasileiro. Este ano, faltando ainda três meses para encerrar, já é o segundo
maior em número de focos de queimadas registradas no Estado do Amazonas,
conforme monitoramento realizado desde 1998 pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe).
A eficácia das C-130 em ações desse tipo na
Amazônia será testada durante o Amazonlog 2017, quando uma dessas aeronaves
será "emprestada" pelo Exército dos Estados Unidos da América (EUA)
às Forças Armadas do Brasil para o treinamento de militares que atuam em ações
de combate às queimadas na região.
A necessidade de investimento em tecnologia
foi destacada, ontem, pelo comandante de logística do Exército, general
Guilherme Theophilo, que já foi comandante militar da Amazônia (CMA), durante o
Simpósio de Logística Humanitária (Silogem), no Centro de Convenção Vasco Vasquez
(CCA), em Manaus, que encerra hoje. O simpósio é um evento preparatório para o
exercício militar Amazonlog 2017, que ocorrerá em novembro.
Guilherme Theophilo disse que no combate às
queimadas também são fundamentais as parcerias entre órgãos federais, estaduais
e municipais nas ações. “Tenho sido muito questionado por conta desse apoio dos
Estados Unidos, mas sabemos o quanto os norte-americanos estão preparados com
tecnologias para atuar no momento dos desastres naturais. Essa aeronave pode
fazer uma grande diferença no combate aos incêndios florestais, por conta disso
aceitei esse apoio”, justificou o general, sobre a presença dos militares dos
EUA no exercício.
O general explicou que as c-130 são
aeronaves quadrimotor, turbo-hélice, de asa alta e trem retrátil. “Essa é uma
aeronave especialista no combate ao incêndio florestal. Todo o procedimento de
como nós podemos utilizar essa aeronave nas ações e também como oferecer um
planejamento de ajuda humanitária devem ser repassados pelos norte-americanos”,
disse. O avião é composto por cinco tanques de água e dois tubos que se
projetam pela porta traseira, podendo transportar até 12.000 litros de água.
Pesquisa
Um estudo feito por pesquisadores da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) avaliou como ficaria a situação na região
dentro de 50 anos levando em consideração o crescente aumento da
temperatura, das queimadas e uma seca extrema. A pesquisa prevê que, caso
ocorra uma seca na Amazônia entre os anos de 2040 e 2069, como as
registradas em 2005 e em 2010, uma área de cerca de 550 mil quilômetros
quadrados, maior que a França, poderá ser impactada por incêndios
intensos. O resultado disso, segundo a pesquisa, é que as emissões de
carbono podem aumentar em até 90%.
Ação na tríplice fronteira
O exercício de Logística Multinacional
Interagências, o Amazonlog 2017, ocorrerá em novembro, em Tabatinga
(a 1.105 quilômetros de Manaus), tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e
Peru. A aeronave americana deve vir para o Brasil neste mesmo período quando
será realizada as orientações aos militares.
Falta sintonia entre as leis
A criação de leis ambientais mais rígidas e
complementares nos países da tríplice fronteira é uma das medidas necessárias
para combater práticas cada vez mais comuns na fronteira entre Brasil e Peru: o
desmatamento ilegal e a participação de indígenas para a produção de cocaína,
não só no lado peruano, mas também no brasileiro.
O alerta foi feito pelo general Guilherme
Theophilo, após o pronunciamento do comandante da 5ª Divisão de Exército do
Peru, general Jorge Orlando, durante o segundo dia do simpósio, ontem, no qual
explanou sobre as atividades realizadas para apoio a civis afetados pelo
narcotráfico e terrorismo no próprio país.
De acordo com Guilherme Theophilo, as
discrepâncias entre as legislações ambientais vigentes no Peru e no Brasil
facilitam a ação de bandos peruanos que atravessam a fronteira brasileira para
derrubar árvores de valor comercial e levar para o país vizinho, onde elas são
"esquentadas" (recebem documentos que garantem sua
"legalidade" de forma fraudulenta) e, depois, comercializadas.
“(Os bandos peruanos) atravessam o rio
Javari, derrubam a nossa floresta, vão em uma serraria do Peru e acabam que
legalizam essa madeira. Então, as legislações nas fronteiras têm que estar
combinadas para evitar esse tipo de situação”, explicou.
Tráfico explora índios
O militar brasileiro disse que traficantes
peruanos assediam indígenas dos dois lados da fronteira para que eles cultivem
cocaína entre as plantações de banana, macaxeira e outras culturas, o que
dificulta a localização pelas forças policiais.
“A mão de obra do narcotráfico são os
indígenas. No caso do lado do Amazonas, eles realizam uma plantação consociada,
onde plantam a bananeira no nível mais alto, depois o abacaxi e por fim, eles
plantam a coca. No caso dessa plantação, afirmam que é pra dar menos fome ao
caçador, ter mais energia, sem contar que é um costume indígena”, detalhou o
general.
Isabelle Valois Manaus (AM) ACrítica
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